e aqui estamos, prestes a abandonar mais 365 dias de vida.
deixamos para trás a sonoridade do passado e vamos, ainda surdos do futuro, celebrar fins e começos, com copos que se erguem, entre pessoas que queremos que partilhem a nossa dança em permanente estado de nascença.
cada ano é como que uma espécie de segunda morada, uma nova oportunidade de sermos um bocadinho mais do que fomos, de nos subtrairmos na experiência daquilo que não queremos voltar a ser. aprimoramo-nos, ou assim devíamos.
gosto deste cheiro a esperança que se mistura com a lenha queimada, com a mesa cheia das pessoas nossas, as que já cá estavam e as que chegam.
ao mesmo tempo, ainda assim, a nostalgia fica-me.
sou melancólica (como me disseste um dia - há sempre uma tristeza em ti que se sente) e conta de adição.
sou o tanto e o pouco sem eternidades, mas presente.
nesta altura - a do abandono do que fica para lá - o coração bombeia o tempo que lhe calhou, cada um parte do seu próprio território para outro, igualmente seu, partilhado ou a sós.
que seja extraordinário o que por aí vem, senão tanto assim, pelo menos vida.
bom e feliz ano, pessoas virtualmente reais!
a fotografia é do verão e escolhi-a porque sim.
um de frente. outro de costas. lado a lado, assim como o passado, assim com o futuro.
assim como o presente
assim como o presente